quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O Crescimento do Amor, ou a Primavera (John Donne)

Mal acredito que o meu amor seja tão puro
Como pensava que era,
Porque tem que suportar
Vicissitudes, e estações, como a erva.
Penso que menti todo o Inverno, quando jurava
Meu amor infinito, se a Primavera o aumentou.
Mas, se o amor, este remédio, que toda a mágoa cura
Com mais, não for qualquer quintessência, é mistura
De todas as matérias afligindo a alma. Ou dos sentidos,
E ao Sol rouba o seu vigor operativo.
O Amor não é tão puro e abstracto como costumam
dizer os que por amantes têm a sua Musa.
Mas como tudo o resto, sendo também elemental.
Por vezes será contemplativo, outras agirá.


Mas nem por isso maior, apenas mais eminente
Se tornou, com a Primavera
Como, no firmamento,
Com o Sol, as estrelas, se mostram mas não aumentam.
Como botões num ramo, ternos gestos amorosos,
Da despertada raiz do amor florescem agora.
Se, no agitar da água mais círculos procedem
De um, também assim o amor se acrescentará.
Esses iguais

O Crescimento do Amor, ou a Primavera (John Donne)



John Donne (1572 – 31 de março de 1631) foi um poeta jacobino inglês, pregador e o maior representante dos poetas metafísicos da época. Sua obra é notável por seu estilo sensual e realista, incluindo-se sonetos, poesia amorosa, poemas religiosos, traduções do latim, epigramas, elegias, canções, sátiras e sermões. Sua poesia é célebre por sua linguagem vibrante e metáfora engenhosa, especialmente quando comparada à poesia de seus contemporâneos.

Apesar de sua boa educação e seu talento para a poesia, viveu na pobreza por muitos anos, contando demasiadamente com amigos mais ricos. Em 1615, tornou-se um pastor anglicano e, em 1621, foi nomeado decano da St. Paul Cathedral, em Londres. Alguns estudiosos acreditam que as obras literárias de Donne refletem as seguintes tendências: poesia amorosa e sátiras quando era mais jovem e sermões religiosos em sua velhice. Outros estudiosos, tais como Helen Gardner, questiona a validade desta periodização, pois muitos de seus poemas foram publicados postumamente (1633). Exceção feita a Anniversaries, que foi publicado em 1612 e Devotions upon Emergent Occasions, publicado em 1623. Seus sermãos também são datados, algumas vezes de forma específica, informando dia, mês e ano.

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