quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Jewel and Merle Haggard

POEMAS DE YONA WOLLACH



Yona Wallach (hebraico: יונה וולך, n.1944 m.1985) foi uma poeta Israelense. Orgulhosa de sua bissexualidade, surpreende seus leitores com expressões ousadas de sexualidade e de espiritualidade misturadas.



Wallach também contava com a psicologia junguiana no seu trabalho. Escreveu letras para bandas de rock israelenses. Seu livro Island Songs foi publicado em 1969. Ela morreu de câncer de mama em 1985.

Em seu poema Yonatan, ela interpreta a si mesma como um menino, Yonatan, que é decapitado por outros meninos que têm sede de sangue. Obras:

The Modern Hebrew Poem Itself, 2003, ISBN 0-8143-2485-1
Profile on Poetry International Web
A short biography of Yona Wallach


(incluídos no livro Yona e o Andrógino -- Notas Sobre Poesia e Cabala, de Moacir Amâncio, edição Nankin/Edusp)



Linhas da minha mortimagem


linhas da minha mortimagem que estavam dispersas por aí como
[varetas curtas q
ue vão e se juntam vêm e se dispersam montam traços da minha
[mortimagem imagem-quadro
misturam-se as linhas da minha mortimagem como varetas finas
[criam-se e voltam como
[figura e se dispersam
imagem reta torcida imagem breve imagem longa
imagem positivo imagem negativo tudo isso se amontoa ao lado
[das linhas de minha imagem
as linhas da minha mortimagem são finas como frestas negras e
[brancas e transparentes
para minha perfeita integridade delineiam-se em cores linhas
[passagens
linhas retas de um modo a outro modo atalhadamente
como eu demimpramim diretamente


Homem não Homem/ Mulher não Mulher


homem não homem
mulher não mulher
fazem amor
seios nus
sem cara
sexo e rosto
como na Cabala
na magia negra
o dentro se despe
eles perdem a
cara
homem não homem
mulher não mulher
na cara o sentimento morto
nos órgãos sexuais
a sensação
a cabeça cheia
de boa vontade
porém mais
de medo
e é possível guardar
a virgindade
emocional
até a vinda do Messias
e ele virá
a mulher será mulher
o homem homem
suas caras sexuais
e nos seus membros
o sentir renascerá
uma tartaruga branca
a muralha do Poderoso
que de uma onda se tornou
um dique para todo sentimento
que se despedaça como
uma catarata
para mergulhar
a mulher homem
e o homem mulher


Deixa que as palavras

Deixa que em ti façam as palavras
deixa que eles seja livre
elas penetrar-te-ão bem fundo
fazendo formas sobre formas
formarão em ti aquela vivência
deixa que em ti façam as palavras
elas farão em ti como quiserem
fazendo formas novas na tua cousa
farão na cousa tua
a mesma cousa exatamente
que elas são a cousa que farão
você entenderá que elas far-te-ão reviver
aquela vivência e seu significado como natureza
pois elas natureza são e não invenção
e nem descoberta que sim são natureza
farão a cousa natureza em ti
como dar sexo é vida para a palavra
deixa que em ti façam as palavras.

Revista Cult

Dossiê – Samuel Beckett

Dossiê – Samuel Beckett


TAGS: dossiê


Artista que implodiu as fronteiras artísticas, o irlandês Samuel Beckett (1906-1989) ocupa lugar central na arte do século 20. Prolífico, escreveu peças para teatro, rádio e televisão, romances, poemas, além de textos que escapam da moldura canônica dos gêneros literários. Beckett trouxe para o centro de sua obra “a expressão de que não há nada a expressar, nada com que se expressar, nada a partir do que expressar, nenhuma possibilidade de expressar, nenhum desejo de expressar, aliado à obrigação de expressar”, como escreveu nos Três Diálogos com Duthuit, em 1949. O impasse, portanto, antes de ser assunto, é tratado sob o viés da linguagem, como forma.

Passados 20 anos de sua morte, CULT convidou renomados estudiosos para participar deste Dossiê, dedicado àquele que, obcecado pelo essencial, conduziu sua arte a caminho do silêncio.

No texto inicial, Fábio de Souza Andrade – uma das mais reconhecidas autoridades na obra beckettiana – faz um balanço da importância de Beckett para a modernidade, autor cuja obra configurou um percurso de continuidade e adensamento exemplares. Cláudia Vasconcellos analisa como as primeiras peças focam a teatralidade, a despeito da fábula – fenômeno que criou uma nova categoria de estranhamento. Ao longo do texto, o leitor pode ainda conferir os depoimentos dos diretores Gerald Thomas e Rubens Rusche, cujas carreiras estão intimamente ligadas ao universo beckettiano. A segunda fase da dramaturgia está contemplada no texto de Welington Andrade. Após a tríade de obras-primas, composta de Esperando Godot, Fim de Partida e Dias Felizes, Beckett compôs as chamadas shorter plays – peças curtas tão importantes para o teatro do século 20 quanto as três já citadas. Concisas ao extremo, as shorter plays cotejam o silêncio e impõem desafios ao espectador. Junto ao texto, está a entrevista com Sérgio Brito, consagrado ator do teatro brasileiro que interpreta Beckett desde os anos 1970.

Tão implosiva quanto seu teatro, a prosa de Beckett desempenha papel importante na literatura do século 20. Tal vertente de sua obra é analisada no artigo de Ana Helena Souza. A adoção do francês como língua literária, segundo Ana, permitiu ao autor “encontrar uma voz inconfundivelmente sua”, o que propiciou a ele escrever as obras-primas Molloy, Malone Morre e O Inominável. Por fim, Plínio Prado Jr. discorre sobre o conflito vivido por Beckett entre a insípida glória literária institucional e o real papel da escrita em sua obra. Para tal, Plínio traça paralelos e contrastes com autores como Jean-Paul Sartre e Clarice Lispector.

Esperamos oferecer ao leitor um panorama do universo plural de Samuel Beckett, universo este habitado por vagabundos, seres dilacerados, vozes silentes e inomináveis a mimetizar limitações e impasses da alma do homem moderno.

Revista Cult

Samuel Beckett

Samuel Beckett (Dublin, 13 de abril de 1906 — Paris, 22 de dezembro de 1989) foi um dramaturgo e escritor irlandês.

Recebeu o Nobel de Literatura de 1969. Utiliza nas suas obras, traduzidas em mais de trinta línguas, uma riqueza metafórica imensa, privilegiando uma visão pessimista acerca do fenômeno humano. É considerado um dos principais autores do denominado teatro do absurdo. Sua obra mais famosa tanto no Brasil como em Portugal é a peça Esperando Godot.



Teatro

Eleutheria (1947; publicado em 1995)
En attendant Godot/Waiting for Godot (Esperando Godot) (1948; publicado em 1952)
Act Without Words I (1956)
Act Without Words II (1956)
Endgame (1957)
Krapp's Last Tape (1958)
Rough for Theatre I (fins de 1950)
Rough for Theatre II (fins de 1950)
Happy Days (1960)
Play (1963)
Come and Go (1965)
Breath (1969)
Not I (1972)
That Time (1975)
Footfalls (1975)
A Piece of Monologue (1980)
Rockaby (1981)
Ohio Impromptu (1981)
Catastrophe (1982)
What Where (1983)

Harold Pinter

Harold Pinter CH, CBE (Londres, 10 de outubro de 1930 — Londres, 24 de dezembro de 2008) foi um ator, diretor, poeta, roteirista, e certamente um dos grandes dramaturgos do século XX, além de destacado e incômodo ativista político britânico.

Foi um dos grandes representantes do teatro do absurdo junto com Samuel Beckett e Eugène Ionesco. Recebeu o Nobel de Literatura de 2005 e o prêmio Companion of Honour da Rainha da Inglaterra pelos serviços prestados à literatura.


Louis Armstrong - Cabaret

Elogio da Dialética Bertold Brecht

A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros.
Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.
Só a força os garante.
Tudo ficará como está.
Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.
No mercado da exploração se diz em voz alta:
Agora acaba de começar:
E entre os oprimidos muitos dizem:
Não se realizará jamais o que queremos!
O que ainda vive não diga: jamais!
O seguro não é seguro. Como está não ficará.
Quando os dominadores falarem
falarão também os dominados.
Quem se atreve a dizer: jamais?
De quem depende a continuação desse domínio?
De quem depende a sua destruição?
Igualmente de nós.
Os caídos que se levantem!
Os que estão perdidos que lutem!
Quem reconhece a situação como pode calar-se?
Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã.
E o "hoje" nascerá do "jamais".

Bertold Brecht

As Boas Ações - Bertold Brecht

Esmagar sempre o próximo
não acaba por cansar?
Invejar provoca um esforço
que inchas as veias da fronte.
A mão que se estende naturalmente
dá e recebe com a mesma facilidade.
Mas a mão que agarra com avidez
rapidamente endurece.
Ah! que delicioso é dar!
Ser generoso que bela tentação!
Uma boa palavra brota suavemente
como um suspiro de felicidade!

Bertold Brecht

John Coltrane - Blue train

Miles Davis: Walkin'

Charlie Parker - All the things you are